sexta-feira, 30 de maio de 2008

Lucros e Perdas

Segundo o Prof. Tolstoi C. Klein no livro História da Contabilidade (1954) todos os autores que leram Paciolo, inclusive o mestre Prof. Francisco D ´ Áuria, estavam ciente de que a escrituração da conta de Lucros e Perdas era conhecida dos comerciantes venezianos. A sua finalidade: separar as contas que não representassem lucros nem perdas. Paciolo em sua obra cita, dos venezianos, os “pró” e “dano” ou “utili” e “danni”. Paciolo, segundo o Prof. D ´ Áuria (apud Klein), refere-se aos elementos primordiais das previsões contábeis; o que deve ser feito por meio das contas – era o primitivismo da análise de balanço: “Pelas contas seria possível antever ou ver os bons ou maus negócios”. Paciolo, segundo o Prof. Francisco D ´ Áuria, recomenda que se apresentem as receitas á direita e as despesas á esquerda, referindo-se também ás consignações. Baseado nos princípios venezianos, referidos por Paciolo, é que se estabeleceu o quadro de ativo e passivo, respectivamente á esquerda e á direita. Estribado nesse sistema o mestre Pisani foi estimulado á celebre statmografia, mostrando os balanços como hoje ainda se apresentam. Com o desenvolvimento do uso do papel e da prensa, a “Summa de Arthmetica , Geometria e Proporcionalidade” de Paciolo, tomou maior incremento na divulgação internacional, referindo-se á parte contábil no “ Tratatus 11.o”..
No ano de 1936, o Prof.Leopoldo Luiz dos Santos em “Contabilidade” – capítulo VI, em Recife, reportou-se á adoção de um Razão de Lucros e Perdas.
Em junho de 1950 o Prof. José Hygino Pacheco Jr. apresentou ao V Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro , uma tese recomendando a adoção do Balanço Econômico para substituir a Demonstração da conta de Lucros e Perdas propondo : “ que,reconhecendo a impropriedade da denominação de Lucros e Perdas á conta de Apuração de Resultados nos balanços das empresas mercantis, o Quinto Congresso Brasileiro de Contabilidade recomenda a substituição da mesma por um Balanço Econômico que será parte do Balanço Patrimonial dessas empresas; b) que,atendendo ao uso secular da referida denominação de Lucros e Perdas, seja ela conservada em parêntesis, sob o título do Balanço Econômico até que este venha a ser condensado em dispositivo legal.” O douto Relator , Dr. Francisco Pereira de Oliveira, Delegado de Portugal, em substancioso parecer salientou:” Trata-se incontestavelmente, de uma tese de real interesse que demonstra especial observação e estudo ponderado. O problema do balanço econômico é assunto que tem levantado bem curiosos debates e tem muitos e cultos defensores. Se analisarmos o problema sob o aspecto puramente contábil, parece-me que realmente o balanço econômico tem reais vantagens sobre o uso da inexpressiva conta de Lucros e Perdas,posto que nos pode dar um retrato bem mais claro do “como”, “onde”, “ se” e “quando” foram atingidos os intuitos lucrativos das atividades comerciais ou industriais cujos bens patrimoniais em movimento são contabilizados.”Concluindo: “Tratando-se, porém, de um uso secular a existência da “conta Lucros e Perdas”, bem avisado andou o nosso digno colega autor da tese, em estabelecer normas transitórias para a sua substituição pelo “Balanço Econômico”. Por sua vez, a Divisão do Imposto de Renda, no Processo nr. 172.133/50-SC, com parecer de Aloysio Sant ´ Ana Ávila, acolhido por Léo Costa – Chefe do Serviço de Tributação, foi aprovado por Edgard Moura de Faria – Diretor, que enviou o processo á Delegacia Regional, para os devidos fins.
A partir de 15 de dezembro de 1976, por força da Lei nr. 6404, a denominação da Demonstração de Lucros e Perdas foi alterada para Demonstração do Resultado do Exercício aparecendo esta na escrituração por ocasião do balanço de encerramento do ano comercial com repercussão no Balanço Patrimonial.
Interessantes situações surgem por ocasião da escrituração da conta de Resultado do Exercício: a) As despesas correspondentes ao exercício seguinte, como as relativas a seguros, arrendamentos etc., compreendidas no total pago no ano, deverão ser excluídas e consideradas como ativo circulante (art. 179 – I- Lei 6404/76); b) constituição de fundos de depreciação e amortização quando não se adota o registro diretamente á débito de conta de despesa específica, jamais se creditando diretamente na conta do ativo imobilizado; c) constituição de provisões; d) constituição de reservas. e) atribuição de participação dos administradores e empregados nos lucros da empresa e distribuição de dividendos aos sócios e acionistas.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Evolução das formas de escrituração

Generalização da moeda como instrumento de troca, expansão do comércio mundial, os grandes descobrimentos, a introdução dos algarismos arábicos na Europa no início do século XIII, e o Renascimento, que reviveu o esplendor das Letras, Artes e Ciências, foram os fatores que, por circunstâncias especiais, juntaram-se sucessivamente, para formar e desenvolver a contabilidade.
“Ricordanze”, “ Memoriale”,”Giornale” e “ Quaderno”, foram os primeiros livros contábeis.
Veneza, cidade italiana considerada como a sede do Comércio Mundial na Idade Média, melhorando continuamente os processos de registros das suas irmãs, Gênova e Florença, deu a conhecer ao resto do mundo a contabilidade por partidas dobradas como ”sistema veneziano”.
Benedetto Cotrugli Raugeo com “Do comércio e do comerciante perfeito”, em1473 e Frei Luca Paciolo com o “Tratactus XI, Particularis de Computis et Scripturis”, em 1494, foram os principais divulgadores da contabilidade.
Posteriormente, vários outros autores abordaram a questão sobressaindo a obra “La tenue des livres rendue facile", de Edmond Dégrange, pai, em 1795,criador do Diário – Razão. e Giuseppe Cerboni, criador do método denominado logismografia, em 1872.
Nos Estados Unidos o Diário – Razão de Dégrange deu origem ao Diário Americano.
Na escrituração americana os contadores adotaram mais de um livro diário para registro das operações: Diário de Pagamentos, Diário de Recebimentos, Diário Geral etc.
Foi muito útil á evolução da contabilidade o advento da máquina de escrever. A sua construção data de 1714. Mils foi o seu construtor. Um brasileiro, o padre paraibano Francisco João de Azevedo, também inventou um tipo de máquina de escrever, que foi apresentada na Exposição do Nordeste brasileiro, em 1861.
As grandes empresas internacionais antevendo a importância dos equipamentos para escritório em todo o mundo se lançaram ao mercado: Elliot-Fisher, Powers, Hollerith, Remington, Burroughs, National, Powers, Monroe e outras, disputavam avidamente as generosas fatias do mercado..
Ás pequenas e médias empresas também se abriu a oportunidade de se modernizarem.
Em 1904 W. Bach, diretor da Escola de Comércio Banmeister Hintzen, na Alemanha, aplicou pela primeira vez o decalque em registros de contabilidade. O processo consistia em escrever no diário e, simultaneamente, nas contas singulares, tornando-se conhecido sob o nome de Método Hinz. Por volta de 1918, o suíço Alfons Ruf, inverteu o processo, escrevendo sobre as contas e decalcando o diário O sistema Ruf apresentou-se ao mercado sob duas formas de utilização: aparelhos manuais e máquinas contábeis que poderiam ser também utilizadas para correspondência, faturamento, estoque e folha de pagamento. O livro Contabilidade Financeira pelo Sistema Ruf, organizado por F. Araújo Gomes e colaboração de J. A. Wernli e E. Zimmermann, editado em 1951, trouxe explicações sobre o sistema Ruf, informações sobre o equipamento utilizado e os formulários necessários á execução dos trabalhos. Contribuiu muito para a evolução do processo de registros contábeis.
Os sistemas Remington, Front Feed, Frontal. . . também foram muito importantes e bem aceitos pelas empresas comerciais e industriais, e pelos profissionais de contabilidade. Assemelhavam-se ao Sistema Ruf utilizando máquinas de escrever e equipamentos de inserção e impressos padronizados.
Em 1978 Arry H. de Paris, divulgou em Contabilidade Mecanizada – Técnicas de Implantação, a maneira adequada de utilização do processo Zornita e do equipamento denominado insertor, para escrituração manuscrita e datilografada.
O mestre Leon Batardon, em La Contabilidad en hojas movibles, incluída na Biblioteca Del Contable Moderno, da Editorial Labor S/A, cuja primeira edição data de 1930, ocupou-se da escrituração de livros em folhas soltas como forma de evolução contábil. Para ele, uma criação americana.
A Escrituração Mercantil Brasileira, de autoria de Leocádio B. Cavalcanti, com a colaboração de Hosael B. Cavalcanti e Geraldo B. Cavalcanti, foi outro louvável trabalho com o objetivo de facilitar e modernizar os registros contábeis pelo Sistema ELEBC, lançado em junho de 1934.
O Sistema Sort idealizado por Piragibe Ferraz Leite foi bastante divulgado tendo sido utilizado com sucesso em entidades e empresas estatais.
A Contabilidade Maquinizada – Sistema Ficha Tríplice, por Silvino Barbosa e Edmundo Mário Cavallari, foi uma das mais engenhosas propostas com o objetivo de modernizar a contabilidade das empresas. Foi a razão do seu grande sucesso no século XX a possibilidade de utilização de máquina de escrever de qualquer tipo ou marca e sem necessidade de outros instrumentos. A escrituração feita em fichas tríplices, simultaneamente, resultava em registros no livro Diário (copiativo) e nas duas contas do livro Razão (a devedora e a credora).
A informática revolucionou o trabalho contábil. Os modernos programas existentes no mercado dão eficiência e segurança ao trabalho dos contadores.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Unigrafia e digrafia

UNIGRAFIA E DIGRAFIA

Unigrafia e digrafia são formas de escrituração utilizadas para registro de operações mercantis. Unigrafia é a partida simples. É o registro contábil que não segue a um método exato nem sistemático. Data do período da antiguidade contábil.
É o registro do fato, sem a observância de normas técnicas A sua utilização limita-se a pequenos negócios e ás aziendas domésticas
Tem mais função estatística sem características de escrituração contábil.
A História Antiga da Contabilidade e Idade Empírica registra o seu uso há milhares de anos.
Jones, na Inglaterra, faz referencia de uso em 1795, de método especial de escrituração, utilizando os livros Diário, Razão, Caixa e Livro de Estoques. Na França Poitrat, em 1833 e Biancardi, na Itália, em 1876, ocuparam-se do assunto e a escrituração chamada CAMERAL registrava fatos da azienda pública.
Apesar do empenho de alguns, que procuraram até aperfeiçoar o método, este não teve o sucesso almejado. Os motivos: não satisfaz na prática e não oferece segurança. Muitas são as lacunas que apresenta.
Digrafia é a partida dobrada, onde um débito é correspondido por um crédito.
Nasceu na região denominada TOSCANA, na Itália, na segunda metade do século XIII.
O método ganhou ressonância no mundo a partir da exposição feita pelo Frei Luca Paciolo, em 1494.
Como afirma o Prof. Lopes de Sá no livro Dicionário de Contabilidade, 3º volume, pág.204, 1957,1ª edição: “O balanço equilibrando débitos e créditos, é o ápice do processo, evidenciando o patrimônio. Se considerarmos a questão pelo seu rigor técnico e científico a Partida Dobrada aparecerá como o único processo verdadeiro e útil, posto que evidência as causas e os efeitos dos fenômenos patrimoniais. Esta a razão de ter obtido a fama, o uso e a duração de quase seis séculos.”

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Balancete e Balanço

Balancete e balanço são documentos contábeis importantes.

O Balancete, também chamado de Balancete de Verificação, é levantado mensalmente ou até em períodos menores. Os dados são extraídos do livro Razão que são transcritos do Diário; é um resumo das operações da empresa. A primeira coluna do Balancete é para o registro do número da página do livro Razão cuja conta será referida na coluna a seguir. Nas colunas seguintes são lançados os valores acumulados de cada conta, no debito e no crédito. A seguir calcula-se o saldo de cada conta, que pode ser devedor ou credor. Os totais do debito e créditos dos valores acumulados devem coincidir, assim como o total do débito e do crédito dos saldos. A razão das coincidências é fácil de explicar ante o princípio básico da contabilidade genialmente exposta por Pacioli: A cada conta devedora corresponde uma conta credora. A elaboração do Balancete não apresenta dificuldade de vez que é apenas a coleta de valores registrados no livro Diário e transcritos para o livro Razão. Os recursos modernos de se contabilizar, com o uso do computador, facilitaram a tarefa do contabilista evitando transcrições, somas e subtrações.
Quanto ao Balanço é uma peça técnica cuja elaboração exige maiores conhecimentos de contabilidade e da legislação comercial e fiscal.
Divide-se em duas partes: Ativo e Passivo.
De uma maneira bem simples pode-se dizer que se cotejando o Balancete de Verificação com o Balanço Patrimonial tem-se que as contas com saldo devedor são as contas do ativo e as que apresentam saldo credor são as contas do passivo.
O Balanço expõe os valores patrimoniais em dado momento. É geralmente levantado anualmente. Nada impede que haja o levantamento em períodos outros: semestralmente, por exemplo, e até mensalmente.
A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, modificou a Lei nº 6404/76. Estabelece diversas modificações sobre a elaboração de demonstrações contábeis, visando o alinhamento com as normas internacionais de contabilidade e atribui á Comissão de Valores Mobiliários – CVM o poder de emitir normas para as companhias de capital de aberto.
Nova classificação das contas no balanço está na Lei; obrigatório para a sociedades anônimasOs anexos ao Balanço Patrimonial são vários: A Demonstração de Lucros e Perdas, modernamente chamada Demonstração do Resultado, exigida para todas as empresas; a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido;a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR que a partir de 2008 denomina-se Demonstração de Fluxo de Caixa-DFC e a Demonstração do Valor Adicionado – DVA.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Statmografia

Método de partida dobrada em forma sintética idealizado pelo mestre italiano Emanuele Pisani.
Duas palavras gregas batizaram a nova forma contábil: Statmos, cujo significado é balanço e graphein – grafia, escrita. Conclui-se, então que statmografia é o mesmo que escrita do balanço.
Para comprovar a aplicabilidade de sua doutrina, Pisani publicou nos anos 80 do século XIX, as obras A statmografia aplicada á azienda privada e A statmografia aplicada á azienda pública, ambas consideradas de real valor na literatura contábil.
A statmografia evidencia o balanço sob duas formas: Balanço estático e balanço dinâmico.
O pensamento de Pisani Inspirou o mestre alemão Schmalenbach, na movimentação de uma corrente de pensamento na Alemanha e na França, a Dumarchey.
Os fatos estáticos e dinâmicos levaram-no a formular a primeira lei contábil: As diferenças havidas entre os fatos estáticos é igual á diferença dos fatos dinâmicos. Concluindo-se, então, que os reditos positivos ou negativos, se deslocam como resultados líquidos diferenciais via substância patrimonial. O pensamento de Pisani foi considerado perfeito, com aceitação universal.
Das proposições de Pisani resultou a divisão tríplice das contas econômicas: Contas diferenciais positivas; contas diferenciais negativas e contas diferenciais compensatórias. Estas últimas tinham o mesmo valor se diferenciado das contas de compensação puras e simples, em virtude de sua natureza complexa.
Para Pisani a statmografia constituía-se dos seguintes elementos: Quadro de contabilidade; minuta das contas; livro de balanço sintético e livro de balanço analítico.
Na visão de renomados autores a Pisai se deve o aperfeiçoamento do registro cronológico referido por Paciolo, assim como a classificação das contas e as bases da moderna contabilidade industrial e de custos.
Os críticos do sistema preconizado por Pisani dizem que, a statmografia, “foi mais um sucesso literário que outra coisa”.
Os seus admiradores consideram-no “O maior dos clássicos”.
A statmografia, pelos seus princípios e pelos seus fins, não deixa de ser, em última análise, uma Teoria Personalista das Contas.