sexta-feira, 18 de julho de 2008

Relatividade do rédito

O Prof. Cibilis da Rocha Viana, no livro Teoria Geral da Contabilidade, 1º volume – Edição Sulina, 1955, pg. 286, afirma que rédito do exercício não é um rédito real, mas conjectural, pois decorre de uma apreciação previsional, qual seja a avaliação dos bens que permanecem em inventários, isto é, a previsão da quantia que se alcançará com a sua realização. Salienta que, além disto, os custos comuns, abrangendo vários exercícios, dão ao rédito o caráter de continuidade e sempre será aproximativo o resultado da divisão, em parte, daquilo que forma um todo coordenado. Informa-nos que o fenômeno é realçado pela maioria dos autores de Contabilidade citando Quesnot que define o lucro como sendo “a porção disponível do produto de uma empresa que o industrial pode consumir sem comprometer nem o valor mínimo a realização que o ativo deve representar para atender á sua exploração pelos produtos futuros desta exploração”. Refere-se á Mellerowic que escreve no livro Teoria Econômica das Explorações, que “o rédito total é o único resultado seguro e absoluto, o calculado de um modo completamente correto. Qualquer outro rédito será sempre relativo, distinto segundo o objeto perseguido, segundo as hipóteses de que se parte, segundo os procedimentos empregados em seu cálculo, e segundo os aspectos que se consideram, que podem ser muito divergentes sobre a essência do rédito.” Alude ao conceito expendido por Schmit: “Rédito (lucro líquido) de uma empresa é o resíduo que resulta do produto de venda dos bens trocados, depois que forem cobertos todos os custos de substituição dos distintos elementos do custo da produção”.
Zappa, ainda segundo Viana, ao examinar a relatividade do rédito do exercício leciona no livro Ragioneria Generale: “O rédito ainda que determinado com corretos procedimentos, não permite conhecer completamente os resultados conseguidos pela gestão. Estes resultados não podem ser suficientemente conhecidos a não ser quando a determinação do rédito venha integrada do conhecimento da avaliação da situação financeira e sobretudo da situação econômica da azienda. Fácil expediente de gestão e de avaliação poderá de fato resultar em melhoria do rédito de um determinado exercício, com prejuízo dos reditos futuros Pode, ainda,melhorar-se a capacidade de rédito de uma azienda, atenuando-se os réditos atribuídos a um ou mais exercícios. Ao definir-se um rédito de determinado exercício, é necessário, portanto, muitas vezes, o conhecimento dos reditos passados, como a presunção conjectural dos réditos futuros e de alguns dos seus mais notáveis componentes, quando seja possível uma não infundada determinação preventiva”.
Roy B. Kester, o grande escritor americano, registra na sua obra Contabilidade Superior- Editorial Labor – Barcelona – Tomo II –páginas 498 e 499 - 1946: “Do mesmo modo que o balanço de situação é uma apreciação de valores, a determinação dos réditos baseia-se em apreciações, já que, somente ao liquidar-se o negócio, é possível fixar, com absoluta exatidão, o prejuízo ou o lucro produzido. Os réditos de uma empresa em funcionamento são, pois, meras aproximações. O demonstrativo de lucros e perdas do exercício em curso reflete de modo concreto, não já os ingressos e os gastos que no dito exercício se manifestam ou descobrem, mas o que ao mesmo devem atribuir-se”.
Com efeito, como leciona o Prof. Viana, “a empresa desenvolve sua atividade de forma ininterrupta, desde sua constituição até sua extinção. Só idealmente pode conceber-se a vida da empresa seccionada. Como o rédito da empresa resulta dos custos e dos ingressos que são formados através do próprio processo produtivo, a cargo a empresa, é fácil concluir-se que tais fenômenos se entrelaçam intimamente, como motivo que são da própria vida aziendal, de maneira que não é possível conceber-se o rédito seccionado pelo tempo. Durante toda a vida da empresa, o rédito flui,refletindo-se no capital próprio, do qual não pode fragmentar-se”.
O tema é deveras interessante e merecedor de aprofundamento, estudo e pesquisas nos meios contábeis.

Um comentário:

Breno disse...

Prezado Sr. José Leal, Bom Dia ! Estou entrando em contato para parabenizá-lo pelo blog e dizer que o conteúdo é muito interessante e de grande valor. Tenho orgulho de comentar aqui na empresa que o Sr. trabalhou com meu pai. Hoje sou contador de uma empresa de grande porte aqui no Sul de Minas e entro no blog periodicamente para ler os artigos postados. Visite o site da empresa www.ipanemacoffees.com.br, será um prazer para nós. Abraços e fique com Deus.
Breno Rufino da Silva
(Filho do Sr. Wilson Rufino).